"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

domingo, 6 de maio de 2012

Devemos estudar religião? Por que? Para que?

Em nossos dias, é cada vez mais comum presenciarmos pessoas expressando opiniões e pontos de vista até então considerados indiscutíveis, assim como debates cujos temas sempre foram tidos como "tabus". Hoje em dia, pode-se discutir sobre tudo! Claro que SEMPRE respeitando a corrente de pensamento que estiver em moda, geralmente sob influência da mídia e do atual "politicamente correto" (e ai de quem fizer, dizer ou pensar o contrário!).
 
Discute-se sobre temas os mais variados: política, crise financeira, sexo, aborto, homossexualidade, ecologia, a calça extremamente chamativa da apresentora B, a amante do cantor Y, o rolex do político recém-eleito, etc, etc e intermináveis etc´s. enfim... Discute-se sobre tudo! Ou quase tudo... Geralmente, tais discussões são travadas em diversos meios: desde o círculo de intelectuais em uma convenção sobre física quântica até a roda onde amigos - que após um "racha" no futebol - tomam suas "geladas" enquanto degustam um churrascão composto de carne mal passada e linguiça de segunda. Mas ainda assim penso haver um tema que, quando proposto para discussão, continua a despertar certo receio ou constrangimento entre as pessoas: RELIGIÃO.
 
Para evitar discussões sobre este tema, muitas pessoas se utilizam do famoso e não muito moderno bordão "religião não se discute, cada um tem a sua" ou "politica, religião e futebol não se discutem".
 
Quer dizer, é bem verdade que as vezes só aparece um "corajoso" quando é para dar uma alfinetada na Igreja Católica (ou o que as pessoas pensam ser a Igreja Católica). Nessa hora, sempre aparecem  "teólogos de botequim" pra dar pitaco sobre algo que desconhece mas que pensa compreender.
 
O termo "teólogo de botequim" não usei por acaso, na verdade me baseei em uma situação presenciada por mim há alguns anos e que contarei brevemente para ilustrar melhor o problema:

"Conclusões teológicas de boteco "
 
 
Certo dia, após retornar do trabalho resolvi passar na casa de minha noiva (hoje esposa) para vê-la. Enquanto esperava alguém abrir o portão, presenciei "a discussão teológica" entre dois senhores que se encontravam no boteco ao lado. A tv estava ligada e acabara de passar uma reportagem sobre o Papa Bento XVI. Logo, um dos senhores que ali se encontrava fez um comentário um pouco desrespeitoso sobre o Papa. O outro o tentou repreender, este porém, irritado, começou a "ensinar" aos demais:
 
"Que respeitá qui nada, o papa é só mais um comedor de feijão igual a nóis tudo aqui. E pior, purque ele e us católico num sabe é nada. Num sei porque todo mundo obedéce esse homi... Vo te explicá como funciona a igreija católica: Todo começo de ano o papa senta e escreve como ele qué a igreja durante esse ano, que qué isso, que qué aquilo, que qué assim, que qué assado, que os padre num deve casar, e por aí vai. Daí os padre faiz tudo o que ele manda, e é por isso que eu dô valô ao pastô, porque ele só faiz o que a bibra manda, tudo que ele faiz tá na bibra!"

O outro senhor achou por bem ficar quieto, assim como os demais. Ao ouvir aquelas bobagens fiquei irritado, pensei em explicar-lhes algumas coisas, mas devido ao estado alcoólico de grande parte dos ali presentes, conclui que seria perda de tempo e acabei "deixando pra lá".

Incrível como de uma só vez o senhor "explicou tudo" sobre a Igreja Católica: como é governada, qual a correta interpretação bíblica e outros temas tão complexos e profundos. Incrível! Usei este exemplo um tanto exdrúxulo - porém verídico - para melhor exemplificar o que acontece no dia a dia, nas tais rodas de discussão, afinal, embora no exemplo o "professor" era um pobre amante do alcool, quantas e quantas vezes não vemos pessoas exteriorizando conceitos, opiniões formadas, emitindo juízos e sentenças sem nunca sequer ter  pesquisado, estudado ou lido sobre o que falam.

Geralmente, as pessoas ou evitam discutir sobre religião ou acabam cometendo o mesmo erro do pobre alcoólico citado acima, isto é, repetindo - tal como papagaios - erros grosseiros como se fossem suas próprias opiniões. Em ambos os casos o motivo ou a causa é a mesma: IGNORÂNCIA. Por desconhecimento, alguns se abstem de falar sobre este assunto ou mesmo o ignoram no sentido de não lhe dar importância. Outros, pela mesma ignorância, acabam por inventar, mentir e caluniar, na tentativa de convencer.

Mas afinal, por que devemos estudar RELIGIÃO?

Para responder a esse questionamento, usarei o seguinte trecho que traduzi do excelente livro do Padre A. Hillaire, A Religião Demonstrada:

 
"Sua finalidade é fazer compreender aos jovens de ambos os sexos que a religião não é um problema de ordem sentimental, mas sim uma imposição da razão e da consciência. Hoje, mais do que nunca se deve conhecer a fundo os verdadeiros motivos da crença, para afirmar-se mais em sua fé, consequentemente estando melhor disposto a defendê-la e propagá-la devidamente.
Atualmente, grande é a busca pelo domínio das ciências profanas, seja no âmbito teórico ou prático; porém existe um abandono quase que completo do estudo da Religião, que ironicamente é a única ciência que pode fazer felizes aos homens nesta vida e na outra." (P.A.Hillaire, La Religión Demostrada, ano 1900, os destaques em negrito são meus). 


Em primeira análise, podemos aproveitar o início da afirmação em destaque para chegarmos também a uma primeira conclusão: "a religião não é um problema de ordem sentimental, mas sim uma imposição da razão". O primeiro equívoco de nosso tempo é o fato de a religião estar fundamentada puramente em sentimentalismos, em sensações, "no  que eu sinto", no "sentir bem". Ora, se tal raciocínio fosse verdadeiro, isto é, se pudéssemos descobrir a verdade beseando-nos em sensações, no "sentir bem", poderíamos aplicar tal método a tudo aquilo que nos faz "sentir bem" (desde o chocolate, o sexo até mesmo ao alcool e as drogas), e tudo seria motivo para a criação de "novas religiões" e doutrinas religiosas. Ora, todos sabemos como os sentimentos e as sensações podem nos trair. Quantas vezes não somos "enganados pelo coração"? Quantas vezes não nos confundimos pelo que sentimos? Logo, deve ficar claro que "o sentir bem" não pode ser critério para o reconhecimento da verdade, tampouco da Fé e Religião verdadeira. Consequentemente, também podemos concluir ao estudar religião que a Religião verdadeira pode e deve ser conhecida através da razão. Caso exista, pode ser conhecida através da razão. Confirmada sua existência, deve ser conhecida!

Outra conclusão a qual podemos chegar é derivada da segunda afirmação: "Atualmente,grande é a busca pelo domínio das ciências profanas, seja no âmbito teórico ou prático; porém existe um abandono quase que completo do estudo da Religião, que ironicamente é a única ciência que pode fazer felizes aos homens nesta vida e na outra". De fato, percebemos que nos dias atuais as pessoas procuram instruir-se em todas as áreas possíveis, menos "nas coisas do Alto". Passam longos anos a especializar-se em diversas áreas do conhecimento, enquanto totalmente alheios ao estudo da Religião. Então, quando se encontram diante de algum problema que não esteja sujeito ao seu controle e às suas vontades, somente aí buscam desesperadamente uma solução rápida e prática, o que os tornam presas fáceis das diversas seitas que pululam na sociedade moderna. Não raramente, encontramos pessoas com alta formação acadêmica e visivelmente cultas em meio aos mais "exóticos" grupos religiosos. Tudo isso devido à ignorância em matéria religiosa.
 
Ao lermos "que ironicamente é a única ciência que pode fazer felizes aos homens nesta vida e na outra", somando-se a tudo o que foi exemplificado até então, e valendo-se da lógica e da razão, somos levados a ao menos três questionamentos e posteriores conclusões às quais ninguém pode fugir e que só corroboram para a importância de se estudar religião. São elas:

  • Se Deus não existe, devo estudar para chegar a essa conclusão, uma vez que se pratico uma religião, posso passar toda minha vida empregando tempo, dinheiro, esforço físico e mental em pról de uma "causa perdida", de algo que não existe, dando total comprovante de minha estupidez.


  • Por outro lado, havendo a possibilidade da existência de Deus, no entanto sou ateu ou vivo como se Deus não existisse e se - de acordo com o apresentado no texto acima - o estudo da religião me fará feliz em uma vida futura que existe mas que ignoro, o que acontecerá comigo quando venha a falecer? De acordo com o apresentado, serei infeliz nessa vida futura pagando por minha indiferença e imprudência.

  • Por por fim, chegando a conclusão de que Deus existe, devo estudar religião posto que existem milhares de religiões que reinvindicam o possuir o conhecimento de Deus e seus caminhos, no entanto todas em algum ponto se contradizem, o que mostra ser impossível que todas estejam certas. Isso é lógico. Consequentemente, devo estudar religião a fim de descobrir qual a religião verdadeira, para poder praticá-la, abandonando assim o erro e aderindo à Verdade.

Sendo assim, caro leitor, creio que este artigo - ainda que breve e modesto - consegue apresentar alguns argumentos convincentes que demonstram a necessidade e a importância de se estudar religião. Espero que sirva para despertar em quem o ler este desejo tão importante, tendo em vista que o que está em jogo pode ser tanto o nosso bem estar aqui na terra, mas principalmente - conforme descobrirá aquele que buscar com sinceridade - o bem estar na vida que há de vir, na vida eterna. Pense nisso!

 Instaurare omnia in Christo

2 comentários:

  1. Verdade, as pessoas só buscam Deus quando estão com problemas, daí é mais fácil aderir ao Deus (a "igreja") que promete resolver seus problemas... Deus e religião tornam-se negócios...
    A Paz!

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  2. Santiago,
    concordo com tudo que escreves. Quantas vezes ouvimos pessoas mal estruídas dizerem; "encontrei Jesus em igreja Y. Como me sinto bem quando lá estou".
    Como podemos basear nossa fé apenas em sentimentos? Qual a relação em sentir-se bem e religião? Eu particularmente me sinto muito bem quando o Corinthians ganha um jogo, ou quando participo de um churrasco, sinto-me bem em beber cerveja.
    Imaginem a heresia de minha parte se associar minha fé, com o sentimento de bem estar.
    Infelizmente inúmeras pessoas cometem esse erro. A verdade é única; a fé é comprovada sim pela razão, e da mesma forma pela razão, podemos comprovar a existência de Deus. Mas de que forma?
    Vejam a trajetória de um padre católico, este passa anos estudando, se especializando, vivenciando e respirando Deus. Tudo isso para ter base teórica e prática para falar de Deus. (EX, a celebração de uma missa). Não é possível que pessoas sem o mínimo de instrução, estudo, apenas com a Bíblia possam alegar ter domínio das verdades do cristianismo. Interpretam a palavra de Deus de qualquer maneira, ou do jeito que melhor os convém. O final dessa triste história são as centenas de seitas que se dizem igrejas. A partir do momento que uma pessoa não concorda com a interpretação da Bíblia em determinada (igreja, seita), pode abrir a sua própria e interpretar a palavra como queira.
    Por isso cada vez mais me convenço que a Igreja Católica Apostólica Romana, é a única e verdadeira religião deixada por Cristo.

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