"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Terrível sintoma do agravamento da Crise na Igreja: o caso LIVIERES

ou ainda: "A noite escura da Igreja" - parte 2
 
 
Para a maior parte dos católicos, desde os chamados "católicos de IBGE" (ou "católicos de nome") aos ditos "católicos praticantes", não há nada de errado com a Igreja nos tempos em que vivemos. O próprio Papa Francisco chegou a dizer que:
 
 
 
 "a Igreja nunca esteve tão bem como hoje" (Papa Francisco, 16 de setembro de 2013) 

No entanto, é de conhecimento geral que os últimos papas, predecessores de Francisco, discordavam totalmente desse seu comentário:

 
“por alguma fissura a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus.” (Papa Paulo VI, 29 de junho de 1972)


 
"Temos que admitir realisticamente e com sentimentos de intensa dor que hoje os Cristãos, na sua grande parte, sentem-se perdidos, confusos, perplexos e mesmo desapontados; abundantemente se espalham ideias contrárias à verdade que foi revelada e que sempre foi ensinada; heresias, no sentido lato e próprio da palavra, propagaram-se na área do dogma e da moral, criando dúvidas, confusões e rebelião; a liturgia foi adulterada. Imersos num relativismo intelectual e moral e, portanto, no permissivismo, os Cristãos são tentados pelo ateísmo, pelo agnosticismo, por um iluminismo vagamente moral e por um Cristianismo sociológico desprovido de dogmas definidos ou de uma moralidade objetiva"
(Papa João Paulo II, 07 de fevereiro de 1981)

"vivemos uma apostasia silenciosa" (Papa João Paulo II, 28 de junho de 2003)




"A Igreja está desfigurada" (Papa Bento XVI, 13 de fevereiro de 2013)

Se já nos pontificados anteriores a crise na Igreja se tornara evidente a tal ponto de os Papas sobre ela se pronunciarem, no pontificado de Francisco - ainda que alguns a neguem ou a ignorem - ela atinge seu ápice. Um brevíssimo resumo do que nos motiva a chegar a essa conclusão deveria conter - além da dúvida, perplexidade e confusão dos tempos atuais - os seguintes episódios:
 
  • Deposição de cardeais ortodoxos (o caso mais recente seria o do exemplar cadeal Burke) e a reabilitação ou promoção de clérigos de reputação e doutrina duvidosa.
 
  • A escandalosa, injustíssima e incompreensível perseguição à congregação mais frutuosa da Igreja nas últimas décadas: Os Franciscanos da Imaculada. Vale lembrar, não sem lamentar, que tal perseguição vergonhosa é conduzida pelo ditador, digo, padre Fidenzio Volpi e o não menos vergonhoso cardeal brasileiro Braz de Aviz.
 
  • A defenestração do Bispo da Diocese modelo de Ciudad del Este, Dom Rogelio Livieres.
 
Embora pudéssemos discorrer sobre cada um dos acontecimentos acima apresentados, comentaremos apenas sobre o caso de Dom Livieres, ex Bispo de Ciudad del Este. Já havíamos mencionado em nosso blog este Bispo e sua frutuosa diocese AQUI. Mons. Rogelio Livieres em 10 anos conseguiu fazer um verdadeiro milagre na Diocese de Ciudad del Este, transformando-a de uma diocese quase insignificante em um dos maiores celeiros de vocações da América Latina. Não somente as vocações cresceram, mas toda a vida da Diocese foi verdadeiramente transformada: população presente nas Missas e demais celebrações litúrgicas, nascimento e crescimento de congregações religiosas, comunidades, cursos de formação em todos os âmbitos, criação de capelas de adoração perpétua ao Santíssimo por toda a Diocese, enfim, consequente e visível crescimento em todas as práticas eclesiais e maior participação dos diocesanos na vida sacramental (aumento de conversões, batismos, matrimônios, etc...). Como não poderia ser diferente, Dom Rogelio mostrou-se amigo da Tradição, fomentando o amor, respeito e instrução nas práticas tradicionais e piedosas (inclusive a Missa Tradicional que também ele celebrava).
 
Como pastor amante da Verdade Católica, defensor da Fé e do Santíssimo Sacramento (basta ler o artigo onde publicamos a carta de Mons. Livieres sobre a Santíssima Eucaristia AQUI), combateu a "Teologia da Libertação" até então seguida de maneira explícita ou velada por grande parte de seus pares (bispos paraguayos), o que lhe rendeu inimizade e diversos inimigos. Além disso, seu modo "tradicionalista" e sua decisão de criar o seminário de sua própria diocese (o que o direito da Igreja lhe permite) enquanto todas as dioceses paraguayas enviavam seus jovens para serem formados em um único seminário nacional fez com que ele fosse verdadeiramente odiado.
 
Poderíamos dar uma série de outros detalhes que completariam os relatos sobre o porquê de Dom Livieres ter se tornado o "bispo odiado" por parte de muitos dos responsáveis pela arrasada Igreja Paraguaya, mas, por ora, ficaremos por aqui. Basta concluirmos com o que aconteceu recentemente: Dom Livieres e sua Diocese foram alvos de uma Visita Apostólica (e isso enquanto centenas de Dioceses clamam por uma intervenção da Santa Sé) que, conforme relatos do próprio site da Diocese (diocesiscde.info), serviria apenas para comprovar o Êxito da vida diocesana e dirimir possíveis dúvidas.
 
Pois bem, Mons. Livieres foi chamado à Roma, lá foi sumariamente "despedido" sem que sequer pudesse se defender. Pediu que lhe apresentassem ao menos os relatórios da Visita Apostólica para que pudesse saber o porquê de sua demissão, sobre o que estava sendo acusado e assim pudesse preparar sua defesa. Isso também lhe foi negado. Por fim pediu para ser recebido pelo Santo Padre para que pudesse lhe esclarecer qualquer coisa ou ao menos receber uma orientação paterna mas, ao que parece, o Papa não quis recebê-lo. Toda a situação pode ser melhor compreendida ao se ler a explêndida e comovente carta escrita por Dom Livieres ao Cardeal Ouellet (AQUI). Enfim, como se já não bastasse a cadeia de injustiças que terminaram pela ainda mais injusta deposição deste grande bispo católico, nem ao menos foi digno de ser recebido pelo Papa (que curiosamente recebe ateus, protestantes, judeus, muçulmanos, amancebados públicos e promotores de erotismo na Argentina).
 
Embora alguns digam que, justo ou não, é o Papa e pode fazer o que quiser, perguntamos: Mas, e quanto aos padres rebeldes que desafiam a doutrina católica? Nem uma chamadazinha de atenção? E às freiras abortistas norteamericanas que se rebelaram contra a Igreja? Nada?
 
Para finalizar: nós católicos não são somos anglicanos ("igreja" da Inglaterra), não somos luteranos ou pentecostas, enfim, não somos protestantes! Não somos independentes! Não seguimos a "igrejas"   nacionais! O catolicismo é universal, até porque é isso o que significa a palabra católico.
 
As conferências episcopais não são de direito Divino! De certa forma, as conferências episcopais usurpam a autoridade do Papa, assim como também a autoridade que possui o Bispo sobre sua diocese.
 
Segundo o que foi informado pela nota do Vaticano, a razão da destituição de Dom Livieres foi "falta de comunhão" com os bispos paraguayos, ou seja, falta de comunhão com a conferência episcopal. Tal razão é profundamente anticatólica, uma vez que a comunhão do Bispo não é com nenhuma Igreja nacional, a comunhão do Bispo deve ser com o Romano Pontífice e, através e juntamente com ele, com a Igreja Universal.
 
Dom Livieres não é hereje, não é cismático, não é um imoral indigno de ser Bispo! É simplesmente um Bispo que exercia sua potestade na sua própria diocese, potestade para ter seu próprio seminário.
 
Se não havia "entendimento"entre ele e outros bispos de seu país, isso não seria razão para destituí-lo. Outra prova da injustiça dessa destituição. Outra prova da crise na Igreja.

Virgem Santíssima, rogai pela Igreja de Vosso Filho!
 
 
José Santiago Lima


O grande "pecado" de Dom Livieres. Transformar uma pequena diocese em um reduto do catolicismo verdadeiro e frutuoso.
Acima, imagem dos seminaristas da Diocese. Por que se dá um escorpião a quem merecia ser congratulado?

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