"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A crise na Igreja e os "cleaners"

Raio atinge a Basílica de São Pedro (Vaticano) horas após Bento XVI anunciar sua renúncia 
 
 
A Igreja Católica - Corpo Místico de Cristo - está passando por sua pior crise em 2 mil anos. Ainda que alguns digam - entre eles o papa Francisco - que "a Igreja nunca esteve tão bem como hoje", basta uma "rápida espiada" nos frutos colhidos atualmente (queda drástica no número de sacerdotes, religiosos, seminaristas, pessoas que frequentam a Missa, fechamento de congregações religiosas por falta de vocações, migração em massa dos "fiéis" para as seitas protestantes, etc.) para se concluir que tal afirmação é, no mínimo, contraditória. O pior é que ao se analisar não somente os frutos, mas também a árvore, descobrimos que sua situação atual é ainda mais preocupante: dentro da Igreja a "pluralidade de opiniões" daqueles que receberam a missão de nos pastorear  lembra o episódio da Torre de Babel. Padres, Bispos e Cardeais difundindo opiniões as mais diversas por meio de comentários, entrevistas, livros e outros meios, deixando o simples fiel católico em meio a tudo isso tal qual um cego em um tiroteio. Cardeais a difundir idéias ANTERIORMENTE CONDENADAS pelo Magistério da Igreja sem que isso lhes provoque um mínimo receio. Bispos pregando verdadeiras HERESIAS que noutros tempos lhes resultaria excomunhão... hoje lhes resulta apoio. Enfim, vivemos tempos preocupantes...
 
Embora prefira me abster de realizar comentários pontuais sobre os diversos acontecimentos "estranhos" do pontificado do Papa Francisco, não há como negar que tais acontecimentos ACONTECERAM e ESTÃO ACONTECENDO em uma frequência quase que diária. Naturalmente, muitas vozes estão se levantando diante de fatos que estão a deixar perplexos os católicos minimamente instruídos na Fé de sua Religião. Curioso - e verdadeiramente estranho - é observar que, durante 2 mil anos os inimigos da Igreja a atacaram impiedosamente (inclusive de maneira bem ativa durante o recente pontificado de Bento XVI) e poucos eram aqueles que tinham coragem para defendê-la publicamente. Mais curioso é observar que tais ataques por parte dos inimigos da Igreja (mídia, "personalidades", etc.) não apenas cessaram, mas que estes mesmos inimigos agora são os primeiros a rejubilarem-se com suas "mudanças", os primeiros a "levar a sério" e a defender o papa naquilo que eles dizem ser sua empreitada. Por outro lado, os que sempre foram os intransigentes defensores do Papa e da Igreja, isto é, os católicos sinceros, estes agora são os considerados inimigos do Papa, opositores e obstáculos de seu empreendimento, tudo por simplesmente questionar - em clara demonstração de amor à Igreja - os fatos, ações e palavras que os tem deixado perplexos. Mais curioso ainda é observar que não apenas católicos ignorantes ou desinteressados pelo que diz a Igreja de repente se tornaram defensores do papa, mas que até inimigos declarados do papado de um dia para o outro se tornaram papólatras de carteirinha, Como exemplo podemos citar curioso caso de Leonardo Boff que após sair em "defesa" do Papa (ou seria de suas próprias idéias?) contra o jornalista Vittorio Messori recebeu como resposta uma verdadeira surra teológica em forma de artigo de Monsenhor Antonio Livvi.
 
Enfim, para aqueles que não compreendem a diferença entre o católico que ama a Igreja e tudo que a ela pertence (incluindo-se aí o papado) por ter sido instituída por Nosso Senhor daquele oportunista que "ama" o papa por estar enxergando nele o porta-voz de suas próprias idéias e caprichos, reproduzo abaixo o excelente artigo do Frei Clemente Rojão que faz uma precisa descrição deste ser que acredita estar assim ajudando a Igreja. Ou não.
 
Viva Cristo Rey!
 
José Santiago Lima

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Eu vos explico os Cleaners.


Por Frei Clemente Rojão – Muitos me perguntam o que é “Cleaner”. Abaixo descrevo o Cleaner ideal. Não existe um cleaner ideal, mas diversos estágios desta – parafraseando nosso papa Francisco sentando o relho na Cúria Romana – “doença espiritual”.

Cleaners – “limpadores” – são os católicos com uma concepção errada de Igreja, que julgam que se deve defender tudo o que o papa diz, mesmo quando agride o senso da fé dos fiéis e o próprio magistério da Igreja, mesmo que fale de improviso e num ambiente hostial da imprensa mundana. Cleaners se dedicam a piruetas mentais para defender tudo o que é dito e feito, mesmo que isto exija duplipensar a maneira orwelliana de 1984. Os Cleaners seguem a máxima de Groucho Marx “Você vai ter coragem de deixar de acreditar em mim para acreditar no que dizem seus olhos???”

Cleaners não entendem a Infalibilidade Papal nem suas restrições. Eles não compreendem a diferença entre atos administrativos e doutrina. Para eles, mover um bispo de diocese é tão infalível quanto proclamar a natureza de Cristo. Cleaners as vezes confundem o síndico de um prédio com seu engenheiro.

Os Cleaners são mestres em atacar o mensageiro. A culpa é sua se reclama, não de quem fala torto lá do alto da cátedra. A culpa é sempre da Veja, da Folha, do Frates in Unum, do Socci e os suspeitos de sempre, nunca do pontífice que solta a pérola. Cleaners também são mestres em italiano para tentar arrumar traduções semânticas para dizer que não é bem assim como foi noticiado. Farão longos tratados de doutrina para explicar. Acho isso nobre. Mas, convenhamos, precisa mesmo explicar um pontífice? E porque só este precisa?Cleaners apresentam como evidência para defender o pontífice de alguma declaração completamente diferente que ele disse lá atrás e perdem de vista o principal: Como pode um pontífice romano ser tão contraditório, então? O que está havendo?

Para os Cleaners, São Paulo e Santa Catarina de Siena, que contestaram as atitudes dos pontífices de sua época, estavam errados. Lógico que eles não admitem isso por causa do “São” na frente, mas na prática é isso mesmo.

Cleaners não conhecem a História da Igreja nem suas regras disciplinares. Cleaners acham que sempre um santo é eleito papa, quando na verdade – infelizmente – não é, nem nunca Jesus prometeu isto. Se os Cleaners vivessem no pontificado de Estevão IV, diriam que exumar e julgar o cadáver de seu antecessor estava muito correto mesmo. Se os Cleaners vivessem no pontificado de Alexandre VI diriam que todo católico tem obrigação de beber o vinho servido pelo papa.

Os Cleaners são um fenômeno do pontificado de Francisco. Antes dele não havia necessidade de consertarem o que o papa disse. Havia alguma incompreensões as vezes, havia perseguição na imprensa, mas não havia escândalo sistemático e periódico em cada declaração do pontífice.

Cleaners têm senso de matilha, e atacam como hienas (apenas não riem). De alguma maneira foram treinados para atacar em grupo e em massa os inimigos do grande líder, que ousam fazer observações sobre o Grande Guia. Cleaners possuem esta visão soviética e muçulmana do pontífice. Cleaners não gostam de pensamento independente.

Secretamente os Cleaners devem invejar a disciplina férrea que impera entre os xiitas iranianos com seu aiatolá ou no estado islâmico com seu mulá Al Bagdhadi.

Enfim, Cleaners não querem um pontífice romano, com todos seus defeitos e erros, como todo filho de Adão. Querem um macho alpha incontestável para liderar sua matilha.

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