"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

SÃO TORÍBIO ROMO GONZÁLEZ, rogai por nós!

Hoje é dia de São Toríbio Romo González


Nasceu em 16 de abril de 1900, em Santa Ana de Guadalupe, um povoado rural (atualmente, com 390 habitantes) que pertence ao município de Jalostotitlán, na zona de "Los Altos de Jalisco". Filho de Patrício Romo Pérez e de Juana González Romo, que o levaram para ser batizado já no dia seguinte ao seu nascimento, na paróquia de Nossa Senhora da Assunção.
 
Como todas as crianças, Toríbio foi enviado à escola paroquial de seu povoado e na idade de doze anos, aconselhado por sua irmã (e com apoio de seus pais), ingressou no Seminário auxiliar de São João dos Lagos. Sua irmã Maria foi a principal promotora e incentivadora da educação de Toríbio. Isso contrariava um pouco a seus pais, pois ao estudar Toríbio seria "uma mão a menos" para as tarefas próprias do trabalho no campo. "Quica", como Maria era chamada por seus parentes mais próximos, contribuiu inclusive  para infundir em Toríbio a vocação religiosa, tendo sempre o acompanhado para auxiliá-lo no que fosse necessário.

SACERDÓCIO
         
Após passar oito anos no Seminário de Guadalajara. aos 21 anos de idade solicitou dispensa de idade junto à Santa Sé antes de proceder à recepção da ordem presbiteral. O Arcebispo Dom Francisco Orozco y Jiménez lhe conferiu o diaconato em 22 de setembro de 1922, e em 23 de dezembro do mesmo ano administrou sua ordenação sacerdotal. Toríbio prestou seus serviços ministeriais em Sayula, Tuxpan, Yahualica e Cuquío. Na paróquia de Cuquío conheceu ao bondoso Padre Justino Orona, que lhe brindou com sua amizade.
 
A perseguição "callista" (perpetrada pelo então presidente do México Plutarco Elias Calles) movida contra a Igreja Católica exaltou os ânimos dos habitantes de Cuquío e em 9 de novembro de 1926, se levantaram em armas cerca de trezentos homens, com o intuito de repelir a opressão do Governo que perseguia o pároco e os sacerdotes, os quais passavam de um lugar a outro escondendo-se em casas e mesmo na mata, fugindo ao passo que sabiam que de um momento para outro poderiam ser mortos. O Padre Toribio escreveu em seu diário:
 
..."Peço ao Deus verdadeiro para que termine este tempo de perseguição. Vejam que nem a Missa podemos celebrar à Cristo; Tirai-nos desta dura provação: viverem os sacerdotes sem celebrar a Santa Missa... Ainda assim, quão doce é ser perseguido por causa da justiça. Tormenta de duras perseguições me tem permitido Deus vir sobre a minha alma pecadora. Bendito seja o Senhor! Até a presente data, 24 de junho, por dez vezes tive que fugir, me escondendo dos perseguidores, algumas fugas duraram quinze dias, outras oito... em algumas tive de ficar sepultado por até quatro longos dias em uma estreita e fedorenta cova; outras me fizeram passar oito dias no alto das montanhas sujeito a toda sorte de intempéries; sol, água e sereno. A tempestade que nos encharcou, teve o gosto de ver outra que veio para não nos permitir secar, e assim passamos molhados os dez dias..."
 
Seu grande amor pela Eucaristia o fazia frequentemente repetir esta oração:
 
"Senhor, perdoai-me se sou atrevido, mas lhE rogo que me concedas este favor: não me deixeis nem um único dia de minha vida sem dizer a Missa, sem vOs abraçar na Comunhão... dai-me muita fome de Ti, uma sede de receber-tE que me atormente por todo o dia enquanto não houver bebido dessa água que brota até a Vida Eterna, da rocha bendita de Vosso corpo ferido. Meu Bom Jesus, tE rogo que me concedas morrer sem deixar de rezar Missa nem um só dia".
 
Em setembro de 1927, o padre Toríbio teve que se retirar e desde o morro de Cristo Rey chorou afligido por ter de deixar o povoado, dizendo adeus a seu querido pároco; Os superiores lhe ordenaram que fosse o responsável pela paróquia de Tequila, Jalisco, o que não era necessariamente uma missão animadora, uma vez que o município era então um dos lugares onde as autoridades civis e militares mais perseguiam aos sacerdotes.
 
Mesmo assim, não se intimidou por isso. Tendo encontrado uma antigua fábrica de tequila que estava abandonada, próxima ao rancho Água Caliente, a utilizou como refúgio e lugar para seguir celebrando Missas.; pressentiu que ali se daria sua morte inevitável, e disse:
 
"Tequila, vós me ofereceis um túmulo, eu vos dou meu coração".
 
Devido aos graves perigos, o padre Toríbio não podia viver no vicariato de Tequila, tendo por isso se hospedado em Água Caliente na casa do senhor León Aguirre. Em dezembro de 1927, o irmão caçula de Toríbio foi ordenado sacerdote e enviado também a Tequila como vigário cooperador; pouco tempo depois chegou também sua irmã Maria para ajuda-los.

MARTÍRIO


 
Padre Toríbio havia oferecido seu sangue pela paz da Igreja e logo o Senhor aceitou seu sacrifício. Sobre isso, disse Padre Toríbio:
 
“Aceitarias Senhor o meu sangue, que Vos ofereço pela paz da Igreja?”
 
Na Quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro, padre Toríbio pediu ao padre Román (seu irmão) que lhe ouvisse em confissão sacramental e lhe desse uma benção especial; antes de partir, lhe entregou uma carta com o compromisso de que não a abriria sem ordens expressas para isso. Também passou a quinta e a sexta-feira acertando todos os assuntos paroquiais para deixar tudo em ordem. Às 4 da manhã do sábado, dia 25, tendo acabado de escrever, recostou-se em sua pobre cama de bambus e adormeceu.
 
De repente, uma tropa composta por soldados federais e fazendeiros, avisados por um delator, cercou o lugar, pularam o muro e invadiram a residência do senhor León Aguirre. Um fazendeiro então gritou:
 
"Este é o padre, matem-no!"
 
O grito despertou o padre e sua irmã, e ele assustado respondeu:
 
"Sim, sou eu o padre... mas não me matem"...
 
Não lhe permitiram dizer mais nada, disparando contra ele; com passos vacilantes e sangrando muito, dirigiu-se até a porta do quarto, porém uma nova rajada de tiros o derrubou. Sua irmã Maria o tomou nos braços e lhe gritou ao ouvido:
 
"Coragem, padre Toríbio... Jesus misericordioso, recebei-o! e que ¡Viva Cristo Rey!"
 
Padre Toríbio lhe dirigiu um olhar fixo e sereno e em seguida entregou seu espírito.
 
Estando já morto seu irmão, a amarraram "costas com costas" ao cadáver, enquanto faziam uma espécie de maca feita de ramos, folhas e cordas para transportar o corpo de Padre Toríbio.
 
Os carrascos o despojaram de suas vestes e saquearam a casa para só depois levarem o corpo de São Toríbio assim como sua irmã Maria até o povoado de “La Quemada”, sem permitir que sepultassem a seu irmão. Um pouco antes haviam passado diante da prefeitura municipal com o cadáver do          Mártir Toríbio sobre a maca improvisada com paus que o transportava. Enquanto as pessoas que carregavam o corpo seguiam rezando, os soldados os acompanhavam assoviando e cantando obscenidades como forma de zombaria e escárnio.
 
Maria, já liberta de sua breve prisão, descalça, assim como estava, viajou a pé até Guadalajara, para a casa de seus pais, onde pôde afastar-se do ódio, sob o amor paterno e assim juntamente com os seus chorar a perda de seu «querido menino».
          
A família Plascencia conseguiu permissão para velá-lo em sua casa e no dia seguinte, domingo 26 de fevereiro, diante de uma multidão que rezava e chorava, o sepultaram no cemitério municipal.
 
Passados alguns dias, seu irmão - Padre Román - obediente, abriu a carta em Guadalajara, onde se deu conta de esta carta se tratar do que era o testamento do Padre Toríbio. Então leu seu conteúdo:
 
"Padre Román, deixo-vos encarregado de nossos pais já velhinhos, faça o quanto puder para evitar-lhes sofrimentos. Também vos deixo responsável por nossa irmã Quica que tem sido para nós uma verdadeira mãe... a todos, a todos peço que os cuideis. Aplica duas Missas que devo em intenção das Almas do Purgatório, e paga três pesos, cinquenta centavos que fiquei devendo ao senhor cura de Yahualica..."

RELÍQUIAS

Santuário dedicado a São Toríbio Romo González, onde estão seus restos mortais

O Padre Toríbio Romo González morreu como mártir da Fé cristã no dia 25 de fevereiro de 1928. Vinte anos depois de seu sacrifício por Cristo, os restos mortais do mártir Toríbio Romo regressaram a seu lugar de origem e foram depositados na Capela construída por ele, em Jalostotitlán. No dia 22 de novembro de 1992, foi beatificado, e em 21 de maio de 2000 foi canonizado pelo Papa João Paulo II, junto com 24 companheiros.

 
Crianças diante das relíquias de São Toríbio sob o altar de seu Santuário
 
 
SÃO TORÍBIO ROMO GONZÁLEZ, rogai por nós!
 
 
Tradução: Morro por Cristo
 
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