"Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica.
Um me distingue, o outro me designa.
É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos".
São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, ano 375 D.C.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

SÃO MATEO CORREA MAGALLANES, rogai por nós!

Hoje é dia de San Mateo Correa Magallanes, mártir Cristero.


 

O Padre, Sacerdote de Cristo, Mateo Correa Magallanes
Nasceu em uma família bastante pobre e humilde. Recebeu a educação primária em uma escola de Jerez - estado de Zacatecas - e em seguida na cidade de Guadalajara, onde viveu durante três anos.

Logo depois, se inscreveu no Seminário de Zacatecas, onde foi admitido gratuitamente, desempenhando a função de porteiro do edifício que abrigava a instituição.

Passado esse período, por sua boa conduta e aplicação nos estudos, lhe foi concedida uma bolsa para ser aluno interno e assim concluir seus estudos.

Foi ordenado sacerdote no dia 20 de agosto de 1893 e celebrou sua primeira missa cantada na paróquia de Fresnillo - Zacatecas, quando tinha vinte sete anos de idade.

Durante os 34 anos de sua vida sacerdotal percorreu todos os rincões da diocese, pois sempre estava disposto a trabalhar onde quer que lhe enviasse seu bispo, mesmo nos locais onde outros não  haviam aceitado; por isso seus companheiros o apelidaram "O Andarilho", pois percorreu praticamente toda a diocese de Zacatecas.

Após vários anos de ministério, foi nomeado pároco de Concepción del Oro - Zacatecas, onde  administrou o sacramento da comunhão ao Beato Miguel Agustín Pro S.J., além de administrar o batismo ao irmão deste, Humberto, ambos também mortos durante a perseguição religiosa.



Retornou a Colotlán - Jalisco, onde viveu três anos e, em fevereiro de 1926 foi destinado a Valparaíso - Zacatecas, onde esteve durante o último ano de sua vida e teve que suportar a perseguição constante e implacável dos militares, comandados pelo general Eulogio Ortiz, que era cruel, sanguinário e tinha ódio mortal aos sacerdotes.
 
São Mateo Correa Magallanes quando jovem seminarista




Em 2 de março de 1926 chegou a Valparaíso o general Eulogio "O Cruel" Ortiz que tomou conhecimento que nessa região os jóvens da Ação Católica divulgavam o manifesto do comitê central que expresava o sentimento dos católicos diante das leis injustas da Constituição, além de juntarem assinaturas pedindo ao Congresso da União para que derrogassem tais leis.
De imediato mandou encarcerar aos jóvens Vicente Rodarte, Pascual E. Padilla e Lucilo J. Caldera, que pertenciam ao grupo da Ação Católica da Juventude Mexicana (ACJM), os quais só ficaram em liberdade no dia 16 seguinte porque o juiz do distrito não havia encontrado delito que justificasse a prisão deles.
Tal sentença, com já era de se esperar, converteu-se em um episódio ridículo para o general Ortiz que, furioso, jurou publicamente vingar-se no Reverendo Padre Mateo Correa, por quem nutria ódio verdadeiramente irracional e perverso.

Enquanto mantinham detidos os jóvens católicos da ACJM, o general Ortiz exigiu a presença dos padres J. Rodolfo Arroyo e do recem chegado Padre Mateo Correa.


O militar diante dos dois clérigos, lhes mostrou o manifesto da ACJM e a lista de assinaturas, perguntando-lhes o que era aquilo. o Padre Correa disse: "Trabalho de paz", ao que Ortiz replicou furioso: "Isso é trabalho de paz?".

Interveio o Padre Arroyo explicando que o Reverendo Padre Mateo não sabia nada sobre o manifesto, porque havia acabado de chegar. O general no entanto ordenou que fossem presos acusando-os de rebeldes e ordenando que fossem enviados à Zacatecas.




O povo estava exaltado, porém os dois sacerdotes tentavam acalmá-lo. O general Ortiz e seus quinze soldados se retiraram de Valparaíso no dia 3 bem cedo, porém o general ordenou ao prefeito municipal que enviasse a Zacatecas os dois padres e os jóvens da ACJM.



Padre Correa não quis deixar sua paróquia sendo que passou a esconder-se em casas e fazendas, mantendo tal procedimento ao longo de onze meses, foi por quatro vezes  encarcerado, inclusive tendo sido ameaçado de morte por Ortiz caso retornasse à paróquia.


O Senhor Bispo de Zacatecas Don Ignacio Plascencia (bispo que no ano 1908 havia levado por alguns meses ao jovem seminarista José María Robles em sua missão pela diocese de Tehuantepec) foi avisado pelo Padre Mateo quanto à ameaça, sendo que o bispo o autorizou - com as devidas precauções - a atender aos fiéis.


O dono da Fazenda de San José de Yanetes, Senhor José María Miranda, convidou ao Reverendo Padre Correa para passar ulguns dias em sua casa em meados de dezembro de 1926 e a partir deste local atendia aos fiéis.

Em 30 de janeiro de 1927, Eleuterio García, do rancho "Las Mangas", próximo à fazenda de San José de la Sauceda, pediu aoPadre Correa que fosse dar auxílio espiritual à sua mãe que estava doente, o que ele prontamente atendeu sendo acompanhado do Senhor José Miranda.

No caminho foi interceptado pela tropa. Eram cerca de oitenta soldados federais e mais o agrarista Encarnación Salas, que acabou por reconhecer o Padre mateo Correa, denunciando-o para o major José Contreras, que comandava aquele grupo militar.




São Mateo Correa Magallanes e à direita, interior da Igreja e o púlpito onde por vezes pregou São Mateo Correa aos fiéis.

Já detidos, Padre Mateo entregou rapidamente a Cuca, filha do Senhor Miranda, o relicário que continha o Santíssimo Sacramento que ele portava, para que o entregasse na capela de São José.

O Padre Mateo foi colocado no carro do Senhor José María Miranda, no qual também colocaram sua mãe e sua irmã Lupe. Dois soldados seguiam escoltando-os, sobretudo o clérigo.

Os levaram a Fresnillo - Zacatecas, e alí os encarceraram a todos, porém deixaram livres as mulheres e a outros, mantendo na prisão apenas o Senhor José María e o Padre Mateo, a quem os demais presos ofendiam e lhes diziam injúrias, ofensas essas que Padre Correa suportava pacientemente.

Nesse dia conseguiu enviar uma carta a suas irmãs onde lhes dizia:

"É tempo de padecer por Cristo Jesus, Aquele que morreu por nós".




Eulogio Ortiz, que estava a par de tudo, ordenou que no dia 1 de fevereiro os presos fossem trasportados por trem até o estado de Durango, onde desembarcaram no dia 3, diretamente para uma cela na prisão, onde o Reverendo Padre Mateo Correa consolava aos demais prisioneiros rezando o rosário e os incentivava a viver com fé e esperança cristãs.

No dia 5 de fevereiro, depois do jantar, o general Ortiz ordenou que se apresentasse em seu escritório o Padre Correa e lhe disse:


"Primeiro vá confessar esses bandidos rebeldes (alguns cristeros alí mantidos) que você está vendo e que serão fusilados brevemente, depois veremos o que faremos com você".

Padre Mateo atendeu as confissões dos sentenciados à morte e os preparou para bem morrer. Terminada sua atividade pastoral, o general lhe disse:


 "Agora me diga o que esses bandidos te disseram em confissão".


Natural foi a atitude do General ao encolerizar-se quando o Reverendo Padre Mateo Correa Magallanes se negou a fazer o que ele lhe pediu, dizendo:
 
"Jamais farei tal coisa".

-"Como assim jamais?" Replicou o general, e lhe gritou:

-"Vou mandar que te fusilem imediatamente!"

Padre Correa respondeu ao general:

"Pode mandar que me fuzilem, General... ignora o senhor que um sacerdote deve guardar o segredo de confissão. Estou disposto a morrer".

-"Padre, disse o general, já lhe havia dito que não voltasse a pôr os pés em Valparaíso, e não me destes ouvido. Não se lembra? Vou mandá-lo pra aquele lugar..."

Respondeu o Reverendo Padre Mateo:
 
"Faça de mim o que bem entender, eu estava apenas cumprindo com minha obrigação, porém peço que tenha piedade e misericórdia para com meu amigo, por favor, é pai de família e tem vários filhos".

Ao que respondeu o general:

- "Também a ele o mandarei pros quinto dos..."

Padre Mateo novamente o interrompeu:
 
"Eu chegarei primeiro diante de Deus e nada acontecerá ao meu amigo".


Com efeito, nada passou com o Senhor José María Miranda, que acabou livre.

No dia seguente, 6 de fevereiro de 1927, pela madrugada, os soldados levaram o Padre Mateo Correa Magallanes para um lugar solitário, próximo ao Cemitério oriente de Durango e lá o assassinaram. Padre Mateo entregou sua vida a Deus, crivado de balas de uma pistola calibre quarenta e cinco, arma pertencente ao própio general Eulogio Ortiz.

Tempos depois, o general Eulogio Ortiz, chamado "O Cruel", morreu no estado de Querétaro, quando por conta da epidemia de febre aftosa recebeu o encargo de obrigar os fazendeiros a sacrificar o gado para evitar a propagação da febre. Em uma de suas blitz tentou parar uma caminhonete que passava em alta velocidade, quando atravessou repentinamente diante da mesma e devido à sua imprudência foi atropelado.
Alí permaneceu inconsciente e com muitos ossos quebrados; após alguns dias acabou falecendo no hospital.



´Traslado das Relíquias de São Mateo Correa Magallanes
O corpo de Padre Mateo permaneceu oculto em meio aos arbustos. Foi encontrado somente três dias depois pelo Sr. José María Martínez, que retornava de seu trabalho diário e encontrando-o avisou as autoridades civís e militares.

Vários vizinhos se dirigiram ao local, porém se depararam com o lugar vazio: os mesmos soldados que o mataram já o haviam enterrado; eles, no entanto, viram o rastro de que haviam arrastado o corpo vários metros, deixando entre as pedras cabelos ensanguentados e o chapéu do sacerdote.

O Servo de Deus Mateo Correa Magallanes foi beatificado pelo Papa João Paulo II no dia 22 de novembro de 1992, junto con seus 24 companheiros Mártires Mexicanos, na cerimônia realizada dentro da Basílica de São Pedro no Vaticano.

O  Beato Mateo Correa Magallanes foi canonizado por Sua Santidade João Paulo II no dia 21 de maio do Ano Santo 2000, durante a Missa de Canonização que se realizou na praça de São Pedro em Roma; data dedicada exclusivamente ao México dentro das cerimônias do Jubileo da Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo.



 
Hoje em dia os restos mortais de São Mateo Correa Magallanes são venerados na capela de São Jorge Mártir, da catedral de Durango - Durango.

 
SÃO MATEO CORREA MAGALLANES, cristero mártir do segredo da confissão, rogai por nós!

Fonte: Santoral Latino

Tradução e adaptação: Morro por Cristo

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